Por trás de toda manifestação existe uma intenção, e a
manifestação que os moradores da área popularmente chamada de piscinão, no
bairro Piauí em Parnaíba, não é diferente. A causa é justa, mas nem todo grito
é coerente.
Só sabe o drama de acordar com os pés dentro da água, quem
por ali convive com esse dilema há quase três décadas. Pessoas que viram filhos
e agora netos crescerem e sair dali, enquanto esperam pacientemente a solução
para o problema. Solução que foi prometida no passado, mas que vem se arrastando
até agora.
Nenhum deles ao colocarem seus restos de móveis no meio da
rua para atear fogo, agiu de tal maneira, revestidos de uma empáfia coletiva,
pelo contrário, a revolta é individual e piora conforme o prejuízo sofrido.
Você leitor, coloque-se no lugar dessa gente, tente viver
esse pesadelo de ver a força da natureza que não se pode domar ou impor
limites, devastar tudo o que se conquistou na vida, com o sacrifício e a
dificuldade que existe para se ter algo.
O fogo ateado nos restos de móveis destruídos pelas águas
aqueceu também o sentimento de revolta, ao verem tanta gente, principalmente
políticos, que andaram tanto ali e que hoje parecem desconhecer o mesmo caminho
do pedido de voto, não oferecerem solução imediata para resolver o problema.
Eu não estou me referindo a prefeitura, até porque, só não
viu quem é cego, o tamanho do esforço paliativo, mas sim foi esforço, que os
servidores fizeram ao deslocarem caminhões com bombas de sucção para baixar o
nível das águas, dos resgates feitos em parceria com os bombeiros, do cuidado
que as famílias desalojadas tiveram nos abrigos e da mobilização que ainda está
sendo feita para amenizar os impactos dessa tragédia.
Estou me referindo aos deputados estaduais, federais, os
nossos três senadores, o governador do Estado e até mesmo o presidente da
república. Imagine ai se todas essas autoridades somassem seus esforços para
resolver esse dilema? É claro que teríamos outra realidade.
Acontece que, o engodo para essa classe desunida e rasteira
vale muito mais do que o resultado compartilhado. Eles não fazem porque não
querem dar a entender que foi apenas com o Mão Santa que o problema foi
resolvido. Enquanto isso eles vão mexendo no tabuleiro da opinião pública, para
saber quem melhor se alinha com seus planos, para só então, canalizarem os
recursos e solucionar de vez o problema.
É humanamente impossível resolver em apenas uma esfera o
problema do piscinão, fosse fácil assim, os últimos quatro prefeitos teriam
resolvido. Mas a bola está com o Mão Santa que tem feito o paliativo para não
ser pior o cenário que vimos.
Achei justíssima a atitude dos moradores de irem para o meio
da rua e pedir uma definição para o drama. Só não podemos deixar de lembrar que
tudo isso pode ser resolvido de forma rápida e simples. Basta os deputados
estaduais alocarem suas verbas de gabinetes e impositivas, basta o governador
sentar com o prefeito e oferecer ajuda real, basta os deputados federais
destinarem emendas, o mesmo ser feito pelos senadores e porque não falar das
emendas impositivas dos vereadores?
O parnaibano Valdecir Cavalcanti destinou um caminhão com
donativos para ajudar as famílias, a maçonaria também está ajudando, as pessoas
de forma individual ajudam como podem e essas caras limpas que nos representam
nas esferas estaduais e federal assistem a tudo isso esperando talvez o pior,
paciência!
Por: Tiago Mendes