quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Parnaíba precisa repensar seus conceitos sobre turismo e inclusão religiosa



O discurso de muita gente que fala em sociedade inclusiva parece não vingar na dura realidade da vida. Parnaíba, por exemplo, que se propõe a fazer do turismo uma vertente para a economia, tem pecado na falta de algumas iniciativas.

Essa semana, nós atendemos um ouvinte na Rádio Cidade 87, 9 FM que fazia reclamações acerca do abandono da Lagoa do Bebedouro ao longo dos anos, e que mesmo tendo nos dias de hoje sua limpeza realizada, ainda não se encontra como deveria estar.

Aproveitei para dar minha opinião, como forma de sugerir aquilo que poderia ser feito no local. Utilizei o exemplo de Salvador capital da Bahia que aproveitou uma região de lago, para fazer um turismo religioso inclusivo, que é conhecido internacionalmente.

Estou me referindo ao Dique do Tororó, que recebeu no ano de 1998 um incremento atrativo para fazer da lagoa margeada por avenidas, residências e o estádio Arena Fonte Nova, oito estátuas que representam alguns dos Orixás das religiões afro-brasileiras.


O Brasil possui uma dívida histórica com os africanos e consequentemente suas culturas, homenagear seus adeptos, é apenas uma forma de ser justo com o passado, mas não é só isso. Dedicar locais ou monumentos ligados à cultura africana é agir duplamente de forma coesa, com o turismo e a inclusão religiosa.

Parnaíba não tem uma dívida diferente ou menos que a do país, somos uma cidade histórica no estado, e que temos uma miscigenação de crenças e culturas tão parecidas com as do Brasil.

A ociosidade em que se encontra hoje a Lagoa do Bebedouro, poderia ser revertida em desenvolvimento para aquela região bastante povoada. Por que não utilizar o exemplo da capital baiana na nossa lagoa?

Por todos os lados que se olha dentro da zona urbana de Parnaíba, temos algum monumento dedicado a essa ou aquela religião. Menos para os adeptos da Umbanda e Candomblé, que hoje somam mais de três mil fiéis praticantes, o que não inclui os simpatizantes, em seus mais de 300 terreiros.

Ora, estamos falando de um público que decide sim, assuntos coletivos através de suas participações em processos democráticos, como as eleições, incluir cada um deles nesse aspecto de mostrar apoio, é um ato de retribuição, ao que eles têm feito no dia-a-dia dentro de Parnaíba.

A réplica de Orixás colocadas no espelho d´agua da lagoa do Bebedouro além de homenagear os adeptos das religiões, traria um aspecto urbanístico para o local, valorizando aquele ponto da cidade, fazendo dele um ponto de visitação, passeios e práticas de esportes em toda a sua extensão.

Mas para que isso se concretize, e que muitos, não apenas um público saia ganhando, é necessária a iniciativa de homens ou mulheres públicos, que se proponham a realizar tal proeza.

Essa nova situação que pode melhorar bastante aquela região, pode ser feita inclusive, com a participação da iniciativa privada. Uma Parceria Pública Privada (PPP) amenizaria qualquer morosidade em não aplicar esse projeto.

Se quisermos falar de turismo, inclusão e desenvolvimento, precisamos ter iniciativas que são capazes de modificar o que está aí. Do contrário, veremos o mundo dar certo, levando para si uma brasa para sua sardinha, enquanto crus e insossos, nós veremos o sucesso alheio apenas como plateia.

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